Um dia eu passei na beira de um riacho
Foi quando eu vi cinco bailarinas
Dançando em volta de um cisne apaixonado
Pintura de vanguarda; visão perfeita
Não fosse a luz laranja que brilhava contra eles
Do outro lado, a floresta que queimava
Um dragão enorme voava rente às copas
Parecia incontrolável e enfurecido
No alto da montanha a tartaruga observava
Cercada, protegida por seus sete guardiões
Num piscar de olhos o alerta se espalhava
Os lobos são velozes, comunicam os aldeões
Festa, dança e muita comida,
Tudo o que há de bom naquela aldeia
A tranqüilidade de mais de duas décadas
Queimaria com os frutos da colheita
O riacho ficou inquieto, coisa rara
Serpenteava ao redor, adentrava o vale
As pedrinhas saltavam para as margens
Todas iam se amontoado por ali
Eu contava uma a uma,
Boquiaberto com o que via
As pedrinhas foram se juntando,
Tinham forma indefinida
Um raio de sol pra finalizar
A obra do riacho determinado
Daquele monte de pedras eu vi surgir
Um guerreiro formidável
Foram três ataques velozes
E o gigante alado sucumbiu
No peito, as marcas de um ponto fraco
Na aldeia, já abriam o primeiro barril
O riacho se aquietou, e tudo voltou ao normal
As bailarinas já rodopiavam de novo
Em cada pedregulho, um brilho diferente
No meu coração, a lembrança dessa história
poesia de Hélder Nóbrega